Dados Empíricos
Qual foi a relação entre S-cognição e D-cognição nos meus sujeitos individuacionantes (97)? Como foi que relacionaram a contemplação com a ação? Embora estas interrogações não me tenham ocorrido, nessa altura, sob esta forma, posso relatar retrospectivamente as seguintes impressões. Em primeiro lugar, esses sujeitos eram muito mais capazes de S-cognição, de pura contemplação e compreensão, do que a população média, como se declarou desde o começo. Isso parece constituir uma questão de grau, visto que todos parecem capazes de ocasional S-cognição, pura contemplação, experiências culminantes etc. Em segundo lugar, também eram uniformemente mais capazes de ação efetiva e de D-cognição. Deve ser admitido que isso talvez constitua um epifenômeno da seleção de sujeitos nos Estados Unidos; ou mesmo que talvez seja um subproduto do fato do selecionador dos sujeitos ser um americano. Em todo o caso, devo informar que me encontrei com pessoas do tipo monge budista em minhas [pág. 156] pesquisas. Em terceiro lugar, a minha impressão retrospectiva é que as pessoas mais plenamente humanas vivem, uma boa parte do tempo, o que chamaríamos uma vida ordinária — fazendo compras, comendo, sendo polidas, indo ao dentista, pensando em dinheiro, meditando profundamente sobre uma escolha entre sapatos pretos ou sapatos marrons, indo ver filmes idiotas, lendo literatura efêmera. Pode-se esperar que, ordinariamente, fiquem irritadas com as pessoas cacetes, fiquem chocadas com mal-feitorias etc., ainda que tais reações possam ser menos intensas ou mais matizadas de compaixão. As experiências culminantes, as S-cognições, a pura contemplação, seja qual for a sua relativa freqüência, parecem ser, em termos de números absolutos, experiências excepcionais, mesmo para as pessoas dotadas de capacidade de individuação. Isso parece ser verdadeiro, muito embora também seja verdadeiro que as pessoas mais maduras vivem, a maior parte ou todo o tempo, num nível superior, em alguns outros aspectos, por exemplo, diferençando mais claramente os meios dos fins, o profundo do superficial; sendo geralmente mais perspicazes, mais espontâneas e expressivas, mais profundamente relacionadas com aqueles a quem amam etc.
Portanto, o problema aqui posto é mais mediato do que imediato, é mais um problema teórico do que prático. Entretanto, esses dilemas são importantes para mais do que um esforço teórico no sentido de definir as possibilidades e os limites da natureza humana. Porque também geram a culpa real, o conflito real, aquilo a que poderíamos chamar a “verdadeira psicopatologia existencial”, devemos continuar lutando com eles como problemas pessoais que também são. [pág. 157]
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